O início do desenvolvimento do cérebro humano se dá a partir da concepção. Desde as primeiras semanas de gestação, há um aumento significativo de células, ou seja, os neurônios, que formam o cérebro. O crescimento do bebê se dá quando há uma mudança no seu tamanho, e o desenvolvimento, quando há mudanças na sua função e na complexidade destas funções. O desenvolvimento ocorre nas aptidões do movimento e coordenação destes movimentos, na capacidade de pensar, raciocinar, sentir, ter autoconfiança e relacionar-se. O ritmo e a qualidade destas aptidões varia de criança para criança.
Assim como há o crescimento físico, também há o desenvolvimento neurológico ainda dentro do útero materno. Para um bom crescimento físico do feto, a mãe necessita de boa alimentação, exercícios físicos adequados, e para um desenvolvimento neurológico é necessário amor transmitido desde o início ao bebê. No começo há uma produção de células nervosas que formarão uma rede de neurônios, para que estes possam ligar-se harmonicamente formando esta rede, ou seja, fazendo sinapses, precisam do sentimento de amor materno e de um ambiente favorável. Segundo Mustard, pesquisador na área médica em desenvolvimento infantil, os neurônios se diferenciam em grupos, funções e em espaços determinados geneticamente, carregando poderosos programas de interação com o ambiente em que vivemos.
Os estímulos do ambiente modificam as conexões que os neurônios estabelecem entre si. Com isto, somos capazes de perceber o mundo ao nosso redor e reagir às conexões de diversas formas. O vínculo mãe-bebê é de extrema importância, pois terá repercussões significativas no desenvolvimento deste ser humano. Mesmo não tendo sido planejado, o bebê precisa de amor, e muitas vezes este leva a mãe a renunciar vontades próprias pelo bem do seu filho.
O bebê nasce e age por reflexos. Chora, ri, encolhe e estica as pernas e os braços, faz sons... Após o nascimento, uma situação traumática, onde o bebê sai de um lugar conhecido, aconchegante, silencioso e conhece um local frio, barulhento e excessivamente iluminado, ele vem dotado de um conjunto de reflexos. É necessário então, um ambiente tranqüilo e rico em estímulos para que os reflexos sejam eliminados adequadamente, e sejam adquiridas novas aprendizagens. O cérebro se organiza em resposta às experiências pelas quais somos expostos. Com a maturação cerebral os músculos se organizam e estes reflexos passam a ser movimentos voluntários. O bebê passa a levantar a cabeça, tenta pegar objetos a sua volta, tenta rolar, virar de lado. Aproximadamente aos seis meses passa a virar de bruços, preparando-se para o engatinhar, explorando melhor o ambiente a partir de então. As técnicas que cada bebê utiliza são próprias. Uns rolam, outros arrastam o bumbum, outros apóiam os joelhos, realizando muitas vezes movimentos desordenados, o que é bastante comum nesta fase, apesar disto, é uma etapa importante para o amadurecimento cerebral do bebê, permitindo melhor envio de mensagens ligadas a realização dos movimentos. Neste estágio os feixes musculares e nervosos se encontram no SNC do bebê seus dois hemisférios cerebrais passam a trabalhar juntos ao realizar um deslocamento.
Ao explorar o ambiente a criança aprende a dominar o corpo e o espaço à sua volta, percebe noções fundamentais como volume, distância, tempo, ampliando seu campo visual para cento e sessenta graus. Nesta fase o bebê já apresenta controle cefálico, controla os quadris, dissocia movimentos e adquire coordenação visual com o uso das mãos. O engatinhar também auxilia na formação da curva plantar, evitando consequentemente alterações de equilíbrio, ajuda a fortalecer a coluna, posicionando-a de maneira mais correta. Além disto, o benefício emocional é grande, pois o bebê experimenta a auto-confiança e independência e se bem estimulado, poderá tirar desta fase muito proveito e noções básicas que levará para o resto da vida.
O desenvolvimento do sistema neurológico ainda não estará completo até por volta dos sete anos de idade, sendo dos zero aos três anos a época em que há maior potencial. Por isto é importante saber que, assim como o cérebro pode amadurecer e a rede neuronal pode crescer, um ambiente desfavorável pode causar um empobrecimento neuronal, causando a morte de neurônios e com isto dificuldades neurológicas. As habilidades como visão, audição, coordenação motora, linguagem... precisam de determinados estímulos para que desenvolvam. A visão e a audição por exemplo, tem seu maior desenvolvimento até os seis meses de vida, podendo limitar a visão e audição do bebê que não tiver ambiente estimulador nesta etapa da vida. A linguagem se forma desde cedo, pois os bebês já tem capacidade para identificar a língua materna aos seis meses e com um ano começam a compreender o significado do que lhe é falado. Ao nascer, o cérebro está pronto para aprender qualquer língua, então os bebês que convivem com língua estrangeira, apresentam um registro de fonemas maior, que possibilita a aprendizagem de duas ou três línguas diferentes. Os bebês que nascem surdos, apresentam sons, balbucios até por volta dos seis meses, quando perdem por não escutarem a própria voz e a dos outros. O cérebro tem o que chamamos de plasticidade neuronal, ou seja, capacidade de modificações e aprendizagens.
A família e os educadores podem contribuir muito para o sucesso intelectual e emocional de uma criança, assim como podem inibí-los.